Dr. Luis Pagotto
Ortodontia e desordens de deslocamento do disco da articulação temporomandibular (ATM)
Atualizado: 10 de mai.
Nos últimos anos, vem surgindo uma preocupação em relação ao efeito do tratamento ortodôntico nas desordens de deslocamento do disco da articulação temporomandibular. Alguns autores sugerem que certos tratamentos ortodônticos podem levar a tais desordens. Estudos de longo prazo de populações tratadas ortodônticamente, no entanto, não confirmam essas preocupações.
Estes estudos indicam que a incidência de sintomas de disfunção temporomandibular em uma população de pacientes tratados ortodônticamente não é maior do que na população em geral não tratada.
Além disso, estudos que investigaram tipos específicos de mecanismos ortodônticos utilizados, também não mostraram uma relação entre quaisquer sintomas de disfunção temporomandibular e tratamento ortodôntico. Mesmo a extração de dentes com fins ortodônticos não revelou maior incidência de sintomas de disfunção temporomandibular após o tratamento.
Embora estes estudos possam ser reconfortantes para o ortodontista, também é verdade que a incidência de sintomas de disfunção temporomandibular nas populações ortodônticamente tratadas não foi considerada menor do que na população não tratada. Portanto, essas descobertas sugerem que o tratamento ortodôntico não é eficaz na prevenção da disfunção temporomandibular.
Embora esses estudos não revelem uma relação entre o tratamento ortodôntico e a disfunção temporomandibular, seria ingênuo sugerir que o tratamento ortodôntico não tem potencial para predispor o paciente a desordens de desarranjo do disco.
Qualquer procedimento odontológico que produza uma condição oclusal em desarmonia com a posição musculoesquelético estável da articulação pode predispor os pacientes a estes problemas. Isso pode ocorrer secundariamente a procedimentos ortodônticos, protéticos ou mesmo tratamento através da cirurgia ortognática.
Estes estudos sugerem que apenas os pacientes que fazem tratamento ortodôntico convencional não possuem maior risco de desenvolver disfunção temporomandibular do que aqueles que não o fazem. Isto pode realmente ser um reflexo de adaptabilidade do paciente, o que é, naturalmente, imprevisível.
Por isso, os profissionais de odontologia que alteram a oclusão do paciente devem seguir os princípios da estabilidade ortopédica para minimizar os fatores de risco para disfunção temporomandibular.
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Prof. Dr. Luis Pagotto
Faculdade de Odontologia - DDS (Doctor of Dental Surgery) - CROSP: 67438
Especialista (OMFS) em Cirurgia Oral e Maxilofacial/Bucomaxilofacial - CFO.
Mestrado (MS) em Odontologia - Ciências - Patologia e Estomatologia Básica e Aplicada - Universidade de São Paulo - USP.
Doutorado (PhD) em Medicina - Ciências da Saúde - Pesquisa Aplicada em Cirurgia - Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.